Hyrrokkin (giganta) e o funeral de Baldur
Hyrrokkin, uma jotun (giganta), demonstrou que a natureza do poder dos jotuns (gigantes) – bruto, caótico, anárquico – nem sempre é usada em guerras contra os deuses. Algumas vezes, os jotuns ajudam as divindades. Exemplo disso é durante o funeral do deus Baldur, quando o barco que levava o deus brilhante ficou preso e a cerimônia, interrompida.
Ninguém conseguiu pôr no mar o barco que levava Baldur, para que enfim o fogo fosse aceso. Os deuses, então, chamaram a giganta Hyrrokkin (uma das traduções do seu nome é “fire-steamer”, ou “vaporizadora” em tradução livre) para resolver o impasse.
Hyrrokkin veio de Jotunheim montada em um lobo, que era controlado com cobras venenosas usadas como rédeas…
A giganta desceu da fera, caminhou até a proa e deu um empurrão no barco que fez a terra tremer…
O barco que levava Baldur foi solto e o funeral pôde prosseguir. A esposa de Baldur (“Balder”), Nanna, morreu de tristeza no funeral e foi colocada junto ao deus. Thor usou o Mjolnir para consagrar o fogo aceso, Odin pôs seu anel Draupnir na pira e o cavalo de Baldur também foi levado ao fogo.
Hyrrokkin e utangard
Mas foi Hyrrokkin quem fez a cerimônia seguir. A força da jotun nesse conto demonstra (ao menos em parte) o extremo oposto do poder dos gigantes em relação às divindades. Enquanto os Aesir e Vanir representam o conceito de “innangard” (“dentro do recinto” em tradução literal, ou seja, tudo o que é ordenado, civilizado e cumpridor da lei), os jotuns refletem o conceito de “utangard” (“além do recinto” em tradução literal, sendo tudo que é caótico e anárquico). Foi preciso uma força bruta “fora do recinto” – uma giganta montada em um lobo e que o controla com cobras venenosas – para que o funeral de Baldur tivesse continuidade.
nota pessoal: apesar dos conceitos opostos e da posição em que ocupam em relação à humanidade e durante o Ragnarok, existem momentos na mitologia em que deuses e jotuns estão juntos. É importante lembrar que os jotuns Aegir e Ran recebem os deuses como convidados, além do próprio Odin ser filho da giganta Bestla e Thor, filho da giganta Jord (“Yord”).
Imagem de abertura: Hyrrokkin por Ludwig Pietsch (1865)
Religiosidade
A religiosidade dos nórdicos é marcada pela pluralidade, mesmo dentro de um único panteão os ritos podiam variar bastante dentro das tribos (característica que permanece atualmente, obviamente trocando-se as tribos do passado pelos kindreds atuais). Pais e mães comandavam os ritos dentro da família. Já as cerimônias públicas eram tarefa do jarl (“conde”, em tradução literal). Importante chamar atenção para a relação direta entre esses povos e as divindades. Mesmo a figura dos sacerdotes, dentro do paganismo nórdico, não possui o mesmo papel das religiões abraâmicas. Isso significa que as divindades podem comunicar-se diretamente com as pagãs e pagãos, o que pode ser buscado.
Vikings
Vikings, antes do início da chamada “era cristã”, têm origem nos pagãos germânicos que viveram na região onde hoje é a Alemanha, Inglaterra anglo-saxã, Noruega, Dinamarca, Suécia, Frísia (condado ao norte da Holanda), e Islândia (posteriormente). A figura dos Vikings refere-se aos navegantes invasores que também eram conquistadores, exploradores, comerciantes e colonos, tendo vivido no território onde hoje é a Noruega, Dinamarca, Suécia e Islândia. A chamada Era Viking compreende o período de tempo entre, aproximadamente, 793 da Era Comum (EC). e 1066 EC.
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