Loki: seu papel na mitologia nórdica
Loki, Deus, gigante, trapaceiro e resolvedor de conflitos, é retratado de maneira ambivalente na mitologia nórdica em diferentes momentos e gerou uma poderosa prole. É importante dizer que Loki não é irmão de Thor, mas é irmão de Odin a partir de um juramento de sangue que eles fizeram no início dos tempos. Loki é filho do gigante Farbauti (em Nórdico Antigo “Fárbauti”, que significa “Atacante Cruel”) e de Laufey (cujo significado é desconhecido, Laufey poderia ser uma Deusa, giganta ou ter outra origem, as fontes não indicam esse ponto) ou Nal (Nál). A ambivalência de Loki pode ser vista em diferentes contos.
O sequestro da Deusa Idun
No conto que retrata o sequestro da Deusa Idun e das frutas da imortalidade, Loki, Odin e Hoenir (pronuncia-se “HIGH-neer” em inglês) estão em uma jornada por montanhas inóspitas longe de Asgard. Eles avistam um rebanho e matam um boi para jantar mas não conseguem cozinhá-lo por causa da magia de uma grande águia que os observava. Então a águia pede por pedaços de carne para acabar com o feitiço.
Irritados mas sem escolha, Odin, Loki e Hoenir concordaram. A águia come os melhores pedaços da carne e Loki não se conforma. Ele pega um galho robusto e ataca a águia, que agarra o galho e voa muito alto enquanto Loki ainda segura a outra ponta.
Assustado com o alto voo, Loki pede para ser libertado e só é atendido quando faz o juramento de trazer para a águia – que na verdade era o gigante Thjazi disfarçado – as frutas da imortalidade de Idun.
De volta à Asgard, Loki diz a Idun que encontrou frutas melhores que as dela. Ele pede para a deusa acompanhá-lo e trazer suas frutas da imortalidade para comparação. Longe de Asgard, Idun foi carregada pelo gigante Thjazi em sua forma de águia e levada para montanhas em Jotunheim.
Com Idun ausente, os Deuses em Asgard começam a sentir os efeitos da velhice. Então eles descobrem o que Loki fez e ameaçam matá-lo se ele não trouxer a Deusa de volta.
Então Freya empresta seu casaco de penas de falcão para que Loki mude sua forma para um falcão e voe para Jotunheim.
Chegando em Thrymheim (“Casa do Trovão”), residência do gigante, Loki vê que Thjazi está ausente e imediatamente transforma Idun em uma noz e foge com ela em suas garras.
De volta à sua casa, Thjazi percebe o que aconteceu, assume sua forma de águia e começa a perseguir Loki. A distância entre Thjazi e Loki começa a diminuir quando eles estão chegando em Asgard.
Os Deuses percebem a perseguição e põem uma pilha de gravetos em torno da fortaleza.
Loki, ainda segurando Idun, cruza a barreira de gravetos e os Deuses acendem o fogo, que explode e mata o gigante Thjazi.
Conto: A morte do Deus Baldur (“Balder”)
Quando os Deuses descobriram que o deus Baldur iria morrer, a Deusa Frigg (mãe de Baldur) percorreu o cosmos e obteve juramentos de todas as coisas para que não ferissem seu filho. Assim se fez uma poderosa proteção e Baldur estava invulnerável. Tudo ricocheteava, para alegria dos Deuses, e Baldur permanecia brilhante e intocado.
Loki viu tal cena e resolveu agir. Disfarçou-se e perguntou a Frigg se realmente todas as coisas juraram jamais ferir Baldur.
“Ah, sim, todas as coisas exceto o visco. Mas o visco é uma coisa tão pequena e inocente que eu achava supérfluo pedir um juramento. Que mal poderia fazer ao meu filho?”
Então Loki partiu e localizou o visco. Trouxe-o até onde os deuses se divertiam e se aproximou de Hodr, Deus cego e irmão de Baldur: “Você deve se sentir completamente deixado de fora, ter que sentar aqui longe da alegria, não tendo a chance de mostrar a Baldur a honra de provar sua invencibilidade…”
Hodr concordou. O astuto Loki, que havia feito um dardo a partir do visco, direcionou a mão do Deus cego em direção a Baldur… Hodr lançou o dardo de visco e o brilhante Baldur foi morto.
Os Deuses sabiam que a morte de Baldur era um presságio para o Ragnarok. Hermod (filho de Odin), montou em Sleipnir e foi até Hel / Helheim (mundo dos mortos), para pedir à Hel, senhora do submundo, a libertação de Baldur.
Hel concordou desde que tudo no cosmos realmente chorasse por Baldur, como Hermod havia dito que todos sentiam a falta dele. E todos choraram, com exceção da giganta Tokk, que era Loki disfarçado.
Conto: a criação do martelo Mjolnir, da lança Gungnir e dos outros presentes dos Deuses
Os longos cabelos dourados da Deusa da fertilidade, família e trigo, Sif, esposa de Thor, foram cortados por Loki. Thor ficou furioso e ameaçou Loki, que pediu para ir até Nidavellir / Svartalfheim para que os anões substituíssem o cabelo da Deusa.
Nessa viagem, Loki foi até o grupo de anões chamado de “Filhos de Ivaldi” e eles criaram o cabelo da Deusa Sif, o navio Skidbladnir (dado para o deus Freyr) e a lança Gungnir (dada para Odin).
Em seguida, Loki instigou os anões irmãos Brokkr (“metalúrgico”) e Sindri (“pulverizador de faísca”) / Eitri a fabricar o Mjolnir (dado para Thor), o javali Gullinbursti (dado para Freyr) e o anel Draupnir (dado para Odin).
Poderosa prole
A união de Loki com a Giganta / Jotun Angrboda gerou o lobo Fenrir, a serpente Jormungand e a Senhora do Submundo, Hel / Hela (também considerada Deusa).
Loki também gerou Sleipnir. Com a Deusa Sigyn, Loki teve um filho, Narfi (ou Nari). Outro filho de Loki foi Vali (não o Vali que é Deus e filho de Odin).
Irmão de Odin
Odin e Loki são irmãos a partir de um juramento de sangue. Nos textos antigos, há uma passagem que pode explicar por que Loki está sempre na presença dos Deuses. O Lokasenna (um dos poemas da Edda poética) traz, em seus primeiros versos, um sumbel (celebração onde bebe-se em ato ritual) realizado pelo Jotun Aegir para muitos Deuses, entre eles Odin, Frigg, Vidar, Tyr, Njord, Skadi, Freyr, Freya, entre outros.
Na ocasião, Loki quis sentar junto aos Deuses mas Bragi negou. Então Loki respondeu:
“Se lembra disso Odin,que nós misturamos
juntos nosso sangue no início dos dias.
Você disse que não provaria cerveja,
a menos que fosse trazida para nós dois.”
Então o Pai de Todos disse para seu filho:
“Levante-se Vidar, e deixe o pai do lobo
se sentar no sumbel,
para que Loki não fale mal em voz alta
de nós no salão de Aegir.”
Obs: muito mais pode ser falado sobre Loki, sua atuação é complexa e pode ser detalhada em outros posts.
Imagem de abertura: Deus Loki. Crédito – http://www.thaliatook.com/AMGG/loki.php
Religiosidade
A religiosidade dos nórdicos é marcada pela pluralidade, mesmo dentro de um único panteão os ritos podiam variar bastante dentro das tribos (característica que permanece atualmente, obviamente trocando-se as tribos do passado pelos kindreds atuais). Pais e mães comandavam os ritos dentro da família. Já as cerimônias públicas eram tarefa do jarl (“conde”, em tradução literal). Importante chamar atenção para a relação direta entre esses povos e as divindades. Mesmo a figura dos sacerdotes, dentro do paganismo nórdico, não possui o mesmo papel das religiões abraâmicas. Isso significa que as divindades podem comunicar-se diretamente com as pagãs e pagãos, o que pode ser buscado.
Vikings
Vikings, antes do início da chamada “era cristã”, têm origem nos pagãos germânicos que viveram na região onde hoje é a Alemanha, Inglaterra anglo-saxã, Noruega, Dinamarca, Suécia, Frísia (condado ao norte da Holanda), e Islândia (posteriormente). A figura dos Vikings refere-se aos navegantes invasores que também eram conquistadores, exploradores, comerciantes e colonos, tendo vivido no território onde hoje é a Noruega, Dinamarca, Suécia e Islândia. A chamada Era Viking compreende o período de tempo entre, aproximadamente, 793 da Era Comum (EC) e 1066 EC.
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