Sleipnir e xamanismo
A vitória de Sleipnir sobre Gullfaxi (na corrida que antecedeu o duelo entre Thor e Hrungnir) não foi à toa. Segundo o livro Shamanism: Archaic Techniques of Ecstasy, Sleipnir representa o “típico xamanismo do norte da Eurásia”.
Sleipnir é citado na Edda Poética e na Edda em Prosa. É descrito como um magnífico cavalo cinza com 8 patas.
Sua presença é antiga e está registrada em uma imagem feita em uma pedra datada da Era Viking, chamada de “The Tjängvide image stone”.
Nessa pedra, é possível ver as representações de Odin montado em Sleipnir e de uma Valquíria.
Nas fontes da mitologia nórdica, Sleipnir leva Odin aos 9 mundos da Yggdrasil.
Quando Baldur (“Balder”) começou a ter sonhos antecipando sua morte, Odin montou em Sleipnir e foi até Hel para consultar uma vidente a fim de descobrir o que esses sonhos realmente significavam.
Mais tarde, já após a morte do Deus brilhante, Hermod (filho de Odin) montou no magnífico cavalo de 8 patas, foi até Hel e pediu à Senhora do Submundo a libertação de Baldur.
Também vale lembrar que Sleipnir é parte de uma descendência poderosa: Sleipnir, Hel, Jormungand e Fenrir descendem de (nada menos que) Loki.
No poema Grímnismál (Os Dizeres de Grimnir), Odin – disfarçado como Grímnir – conta ao garoto Agnar vários detalhes sobre as diferentes moradas dos Deuses.
Mais à frente no poema, Odin fala que Sleipnir é o melhor de todos os cavalos.
Um exemplo dessa ascendência nobre está na Saga dos Volsungos. Nela, o herói Sigurd encontra Odin (sob disfarce) em uma floresta e pede que o velho homem barbudo o acompanhe, pois Sigurd estava indo escolher um cavalo.
Odin diz a Sigurd que eles devem conduzir os cavalos até o rio Busiltjörn. E assim eles conduzem os cavalos para as profundezas do Busiltjörn.
Todos os cavalos nadam de volta para terra menos um cavalo grande, jovem e bonito, de cor cinza e que ninguém havia montado.
O velho barbudo cinzento anuncia que esse cavalo é da “família de Sleipnir” e que “ele deve ser criado cuidadosamente, porque ele se tornará melhor do que qualquer outro cavalo”. O velho desaparece e Sigurd dá o nome de Grani ao cavalo.
Outro momento em que Sleipnir é citado junto com Sigurd é quando a Valquíria Sigrdrífa diz ao herói que as runas devem ser cortadas nos dentes de Sleipnir, o que associa poderes rúnicos ao magnífico cavalo de 8 patas.
No texto “Gesta Danorum” (“Os Atos dos Dinamarqueses” em tradução livre), há mais um conto sobre Sleipnir. Há um encontro entre um homem velho que possuía um olho e um jovem chamado Hadingus. Esse velho transformou Hadingus em aliado de Liserus. Então Hadingus e Liserus decidiram guerrear contra Lokerus (governante da Kurlândia), mas acabaram derrotados.
Então o velho leva Hadingus com ele em seu cavalo enquanto fogem para a casa do velho. Os dois bebem bastante. O velho canta uma profecia e leva Hadingus de volta para onde ele o havia encontrado em seu cavalo.
Durante o passeio de volta, Hadingus fica tremendo. Porém ele consegue ver por entre os buracos do manto do velho e se dá conta de que estava voando, pois diante dos passos do cavalo estava o mar. Hadingus foi avisado para não olhar o momento proibido e virou seus olhos, estando fascinado pelo temível espetáculo.
Sleipnir é representado junto a Odin, aos corvos Hugin e Munin (que já abordamos no site) e os lobos Geri e Freki.
Religiosidade
A religiosidade dos nórdicos é marcada pela pluralidade, mesmo dentro de um único panteão os ritos podiam variar bastante dentro das tribos (característica que permanece atualmente, obviamente trocando-se as tribos do passado pelos kindreds atuais). Pais e mães comandavam os ritos dentro da família. Já as cerimônias públicas eram tarefa do jarl (“conde”, em tradução literal). Importante chamar atenção para a relação direta entre esses povos e as divindades. Mesmo a figura dos sacerdotes, dentro do paganismo nórdico, não possui o mesmo papel das religiões abraâmicas. Isso significa que as divindades podem comunicar-se diretamente com as pagãs e pagãos, o que pode ser buscado.
Vikings
Vikings, antes do início da chamada “era cristã”, têm origem nos pagãos germânicos que viveram na região onde hoje é a Alemanha, Inglaterra anglo-saxã, Noruega, Dinamarca, Suécia, Frísia (condado ao norte da Holanda), e Islândia (posteriormente). A figura dos Vikings refere-se aos navegantes invasores que também eram conquistadores, exploradores, comerciantes e colonos, tendo vivido no território onde hoje é a Noruega, Dinamarca, Suécia e Islândia. A chamada Era Viking compreende o período de tempo entre, aproximadamente, 793 da Era Comum (EC) e 1066 EC.
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