Baldur / Baldr / Balder, o Deus Brilhante
Baldur é considerado um dos mais sábios entre os Aesir, é amado por todos os deuses e deusas. A mitologia nórdica conta que ele irradia luz de maneira graciosa, alegre e encantadora, até mesmo as flores se curvam perante ele quando passa.
Baldur (pronuncia-se “BALD-er”, outras formas de seu nome são “Baldr” e “Balder”) é filho de Odin e Frigg.
O mito diz que o amado deus começou a ter sonhos sobre sua morte, o que fez Odin montar em Sleipnir e ir até Hellheim para consultar uma vidente a fim de descobrir o que esses sonhos significavam.
Lá, o Pai-de-Todos (sob disfarce) encontrou os salões preparados para uma festividade. Ao perguntar à vidente por que Hellheim estava assim, a descoberta entristeceu o deus: Baldur era aguardado para chegar ao reino dos mortos em breve.
De volta à Asgard, a notícia da provável morte de Baldur fez Frigg percorrer o cosmos. A deusa obteve juramentos de todas as coisas para que não ferissem seu filho e assim se fez uma poderosa proteção.
Agora invulnerável, Baldur divertia a todos pois nenhuma lança, espada ou qualquer coisa que os Aesir lançavam por diversão contra o deus eram capazes de matá-lo.
Tudo ricocheteava e Baldur permanecia brilhante e intocado.
Loki viu tal cena e resolveu agir. Disfarçou-se e perguntou a Frigg se realmente todas as coisas juraram jamais ferir Baldur.
“Ah, sim, todas as coisas exceto o visco. Mas o visco é uma coisa tão pequena e inocente que eu achava supérfluo pedir um juramento. Que mal poderia fazer ao meu filho?”
O Trickster (“Trapaceiro”) partiu e localizou o visco. Trouxe-o até onde os deuses se divertiam e se aproximou de Hodr, deus cego e irmão de Baldur:
“Você deve se sentir completamente deixado de fora, ter que sentar aqui longe da alegria, não tendo a chance de mostrar a Baldur a honra de provar sua invencibilidade…”
Hodr concordou. O astuto Loki, que havia feito um dardo a partir do visco, direcionou a mão do deus cego em direção a Baldur…
Hodr lançou o dardo de visco e o brilhante Baldur caiu morto no chão… para a tristeza dos deuses.
A morte de Baldur [parte 2]
Os deuses sabiam que a morte de Baldur era um presságio para o Ragnarok. Hermod, filho de Odin, se ofereceu para ir até Hellheim e pedir a Hella que devolvesse a parte de Baldur que agora habitava o reino dos mortos.
[os nórdicos pré-cristãos não tinham a crença comum de hoje de ‘corpo’, ‘mente e alma’. Eles consideravam haver 4 partes: a forma/aparência não fixa e transmorfa; o pensamento/mente ligado à personalidade; um espírito guardião da pessoa; e a sorte no sentido de qualidade inerente de alguém por causa de sua linhagem, levando ao poder de uma família].
Montado em Sleipnir, Hermod viajou por 9 noites e chegou até o rio Gjoll, onde havia uma ponte para Hellheim guardada pela giganta Móðguðr. Ela perguntou-lhe o motivo da visita e por que sua aparência não condizia com a dos mortos.
Móðguðr ficou satisfeita com a resposta e permitiu a entrada de Hermod.
Ele entrou em Hellheim e avistou Hella imponente, sentada em seu trono, e o agora pálido Baldur ao lado da deusa da morte em um assento de honra.
Hermod implorou para Hella libertar Baldur. Disse que, além dos deuses, todos os seres vivos sentiam a ausência do amado deus brilhante. A justa deusa da morte respondeu.
“Se é verdade, então que tudo no cosmos chore por ele, e eu o enviarei de volta para você. Mas se alguém recusar, ele permanecerá em minha presença.”
Hermod voltou para Asgard e contou a novidade aos deuses. Mensageiros foram enviados para todos os mundos da Yggdrasil e todos choraram por Baldur exceto a giganta Tokk, que era Loki disfarçado.
“Que Hella permaneça com o que ela tem!”, Loki disse a um mensageiro.
E assim Baldur permaneceu em Hellheim até o Ragnarok. O mito conta que após o cosmos ser destruído e recriado, Baldur retornou e trouxe sua luz e alegria para os seres vivos.
Durante seu funeral, o barco que levava Baldur ficou preso. A giganta Hyrrokkin (uma das traduções do seu nome é “fire-steamer”, ou “vaporizadora” em tradução livre) foi chamada para soltar o barco e assim o fez, fazendo a cerimônia continuar. A esposa de Baldur (“Balder”), Nanna, morreu de tristeza no funeral e foi colocada junto ao deus.
Thor usou o Mjolnir para consagrar o fogo aceso no funeral, Odin pôs seu anel Draupnir na pira e o cavalo de Baldur também foi levado ao fogo.
O Baldur guerreiro
Embora o mito mais conhecido indique o deus brilhante quase como uma figura de mártir, existem outros fragmentos que apontam um Baldur guerreiro.
O historiador medieval dinamarquês Saxo Grammaticus traz uma versão de Baldur com desejo por batalhas, descrito como uma espécie de senhor da guerra.
Uma versão mais dinamarquesa e um pouco confusa na qual Baldur é um semideus e disputa com seu irmão Höd a mão de Nanna (nas fontes mais conhecidas, Nanna é deusa e esposa do deus Baldur).
Outras fontes indicam que existem “kennings” que ligam o nome de Baldur a guerras e armas [um kenning é uma figura de estilo na qual uma palavra é substituída por uma expressão mais longa e com o mesmo significado].
Apesar do atual conhecimento escrito ser escasso, fica evidente que Baldur ocupou (e volta a ocupar) uma posição de muito louvor por sua relação com a luz, a beleza e a força que representam a vida em seu esplendor.
[quem sabe seja hora de “resgatar” o que ficou esquecido]
Esta música que poderia ter sido composta especialmente para o lamento pela morte de Baldur.
https://www.youtube.com/watch?v=rF77kAk-g-g (ópera de Richard Wagner)
Imagem de abertura: https://www.deviantart.com/natasailincic/art/Baldr-432685770
Religiosidade
A religiosidade dos nórdicos é marcada pela pluralidade, mesmo dentro de um único panteão os ritos podiam variar bastante dentro das tribos (característica que permanece atualmente, obviamente trocando-se as tribos do passado pelos kindreds atuais). Pais e mães comandavam os ritos dentro da família. Já as cerimônias públicas eram tarefa do jarl (“conde”, em tradução literal). Importante chamar atenção para a relação direta entre esses povos e as divindades. Mesmo a figura dos sacerdotes, dentro do paganismo nórdico, não possui o mesmo papel das religiões abraâmicas. Isso significa que as divindades podem comunicar-se diretamente com as pagãs e pagãos, o que pode ser buscado.
Vikings
Vikings, antes do início da chamada era cristã, têm origem nos pagãos germânicos que viveram na região onde hoje é a Alemanha, Inglaterra anglo-saxã, Noruega, Dinamarca, Suécia, Frísia (condado ao norte da Holanda), e Islândia (posteriormente). A figura dos Vikings refere-se aos navegantes invasores que também eram conquistadores, exploradores, comerciantes e colonos, tendo vivido no território onde hoje é a Noruega, Dinamarca, Suécia e Islândia. A chamada Era Viking compreende o período de tempo entre, aproximadamente, 793 da Era Comum (EC) e 1066 EC.
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