Hugin e Munin: muito além do “Pensamento e Memória”

Hugin e Munin: muito além do “Pensamento e Memória”

dezembro 14, 2019 1 Por Pagan

O poema O Grímnismál, na estrofe 20, traz palavras de Odin que demonstram por que o Pai de Todos é conhecido como andarilho.

“Huginn e Muninn
voam acima da terra todo dia.
Eu temo que Huginn possa não voltar,
embora Eu tema mais por Muninn”.

Entre os muitos atributos de Odin, sabe-se que ele é um xamã. Esse xamanismo, no livro “Myth and Religion of the North: The Religion of Ancient Scandinavia”, é associado diretamente a Hugin e Munin como formas que Odin envia de si para viajar. Segundo o mesmo livro, era comum xamãs e feiticeiras(os) nórdicas enviarem, durante suas práticas, partes espirituais de si para realizarem tarefas.

Dessa maneira, é até natural ao governante de Asgard praticar esse xamanismo: O andarilho que busca informações. O Mestre do Êxtase (tradução do nome de Odin e que abrange a guerra, soberania, sabedoria, magia, xamanismo, poesia e os mortos) em busca de conhecimento.

Essas jornadas xamânicas, o mesmo livro diz, trariam riscos até mesmo para ele. Isso explicaria a parte final da estrofe

“Eu temo que Huginn possa não voltar,
embora Eu tema mais por Muninn”

Essa interpretação merece uma distinção importante: enquanto que as religiões monoteístas veem o conceito de divindade como “o todo poderoso, o onipotente, onipresente…”, nas religiões politeístas isso não acontece.

Vale lembrar que Odin sacrificou um olho por um gole no poço de Mimir, que se ofereceu como autossacrifício na Yggdrasil em busca de conhecimento e descobriu a sabedoria revelada nas Runas.

Além da ligação xamânica, os corvos e Odin são mencionados fazendo-se referência um ao outro de maneira poética. Na poesia escáldica da Era Viking, kennings que falam de corvos são usados para se referirem a Odin (um kenning é uma figura de estilo na qual uma palavra é substituída por uma expressão mais longa e com o mesmo significado): “o corvo-deus”, “o corvo-tentador” e “o sacerdote do sacrifício do corvo”, sendo este último uma referência poética a Odin como “sacerdote” que decide quem vive e quem morre em batalha para ser “oferecido” aos corvos.

Corvos que vão além do aspecto selvagem e abrangem inclusive a inteligência (são reconhecidamente inteligentes). Em Nórdico Antigo, Hugin vem da palavra “hugr”, que significa “pensamento”. Munin (Muninn em Nórdico Antigo) é mais difícil de traduzir. Deriva da palavra “munr” e tem como significado “pensamento”, “desejo” e “emoção”. Assim, apesar de muito ser dito que os nomes de Hugin e Munin significariam “pensamento e memória”, o último termo não está correto.

Buscando resumir tudo isso: os nomes de Hugin e Munin se referem a formas visualizadas concretas do pensamento de Odin. Para os nórdicos antigos, o conceito do “Eu” engloba 4 partes, sendo que em 1 delas é muito comum haver uma forma animal que acompanha os seres e reflete seu caráter subjacente (inteligência, busca pela sabedoria e presença nos campos de batalha). Hugin, Munin, Odin e xamanismo são profundamente ligados.

Religiosidade

A religiosidade dos nórdicos é marcada pela pluralidade, mesmo dentro de um único panteão os ritos podiam variar bastante dentro das tribos (característica que permanece atualmente, obviamente trocando-se as tribos do passado pelos kindreds atuais). Pais e mães comandavam os ritos dentro da família. Já as cerimônias públicas eram tarefa do jarl (“conde”, em tradução literal). Importante chamar atenção para a relação direta entre esses povos e as divindades. Mesmo a figura dos sacerdotes, dentro do paganismo nórdico, não possui o mesmo papel das religiões abraâmicas. Isso significa que as divindades podem comunicar-se diretamente com as pagãs e pagãos, o que pode ser buscado.

Vikings

Vikings, antes do início da chamada “era cristã”, têm origem nos pagãos germânicos que viveram na região onde hoje é a Alemanha, Inglaterra anglo-saxã, Noruega, Dinamarca, Suécia, Frísia (condado ao norte da Holanda), e Islândia (posteriormente). A figura dos Vikings refere-se aos navegantes invasores que também eram conquistadores, exploradores, comerciantes e colonos, tendo vivido no território onde hoje é a Noruega, Dinamarca, Suécia e Islândia. A chamada Era Viking compreende o período de tempo entre, aproximadamente, 793 da Era Comum (EC) e 1066 EC.

www.facebook.com/caminhopagao

www.instagram.com/caminhopagao

pinterest.com/mitologiaemundonatural

https://aminoapps.com/c/DeusasDeuses/home/